Breve comentário sobre arte & harmonização


Harmonizar, por exemplo, vinho com comida não é exatamente algo fácil de colocar em prática. Cabernet Sauvignon funciona com carnes vermelhas e Sangiovese é indicado para pizzas e molho de tomate. Já o Pinot Noir acompanha peixes e vegetais.
Na ficção também há combinações que funcionam e, para essa química acontecer, é fundamental que o escritor tenha repertório, algo que o Marcio Renato dos Santos possui.
Os contos de A cor do presente sinalizam que o prosador curitibano dialoga com o legado de outros contistas, como Machado de Assis, Julio Ramón Ribeyro, Theckhov, Lucia Berlin, Lima Barreto, Dalton Trevisan, Clarice Lispector, Maupassant e Fábio Campana.
Mas a criação artística de Marcio Renato dos Santos também estabelece pontos de contato, por exemplo, com outras linguagens, entre as quais as produções de Federico Fellini, Bergman, Caetano Veloso, Jorge Mautner, Gal Costa, Godard, Jimi Hendrix, Coltrane, Renato Russo, entre tantos, tantas manifestações culturais.
A cor do presente, ou seria Acordo presente?, trata de questões da existência, como melancolia e solidão, e harmoniza linguagem e enredo com rara harmonia, da mesma forma que alguns, poucos, conseguem harmonizar Cabernet Sauvignon, Sangiovese, Pinot Noir, Malbec, Merlot e outras maravilhas com carne, vegetais, doces e a vida.
A cor do presente está aí. Estão servidos?



Resenha de Vicente Ferreira sobre A cor do presente, o meu oitavo livro de contos, publicada na revista Ideias 210, abril de 2019 – há ainda outro texto a respeito do lançamento da obra, confira.

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