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Mostrando postagens de abril, 2013

Na marcha dos invisíveis

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O meu tataravô abandonou a Europa e, durante a viagem de navio, enunciou algo que passou de avô para mãe e chegou até os meus ouvidos: “Não quero que ninguém da família volte para aquele lugar [a Europa]. Passei fome lá. A vida de vocês será nesse mundo novo”. Meu passaporte é quase virgem. Mas as páginas de Enrique Vila-Matas me transportam para a Espanha. Balzac me revela a França. Conheço até a asiática Rússia, não devido aos vermelhinhos daqui, mas nas 2.528 páginas de Guerra e Paz. Estou satisfeito. Deixo a vaga em hotéis, restaurantes e filas no continente europeu para os mais animados. A minha avó Francisca viveu 95 anos e, antes do penúltimo suspiro, me revelou: “Marcio, o segredo da longevidade é não fazer nenhum exercício físico. E comer todo dia três colheradas de açúcar”. Respeito a orientação dos antepassados, e nem cogito desobedecer. Caso contrário, uma maldição se deflagrará e posso vir a sofrer um AVC, um infarto ou, ai de mim, sair pedalando por aí. Não é

Na Tuboteca

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O meu segundo livro de contos, o Golegolegolegolegah! , publicado pela Travessa dos Editores, está à disposição na Tuboteca da Estação Central, em Curitiba. Qualquer pessoa pode emprestar e ler. Sem custo.

Chatos sobre duas rodas

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Quem é o sujeito mais chato da cidade? Não sei, mas tenho a impressão de que é o Poeta Sem Poesia e Sem Obra. Esqueci o nome, alguém sabe? Toda vez que um livro é publicado, o sujeito entra nas redes sociais e, sem ler a obra, tenta desconstruir o autor. Não, o Poeta Sem Poesia e Sem Obra é o ser mais invejoso da capital do Paraná. Talvez a chatice se revele plenamente na Banda da Internet, a que lançou a canção de uma frase só, e depois sumiu. Esqueci o nome do projeto, chato, muito chato. O sujeito mais chato da cidade são vários. É uma legião. São os chamados cicloativistas. Eles são chatos por serem equivocados. Em primeiro lugar, pelo óbvio ululante. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informa que tem chuva a cada dois dias em Curitiba. Como o sujeito que pedala poderá se deslocar? Vai chegar encharcado e sujo aos compromissos? Além da onipresente chuva, há uma outra questão. Vamos supor que o cicloativista more no Sítio Cercado e trabalhe no Centro. Vai sair d

Relespública: Live at Leeds

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O Rony Cócegas foi amigo e baterista do Raul Seixas. A frase surgiu dentro de uma van no último sábado. A Relespública tinha compromisso: apresentação no Leeds, um pub em Ponta Grossa.             Os 114 quilômetros entre Curitiba e o segundo planalto foram de prosa, “trocando papos e risadas, no intervalo da sessão”. Não lembro se foi o Fabio Elias, o Emanuel Moon ou o Ricardo Bastos quem falou que o meu ator favorito, que se tornou célebre com o personagem Galeão Cumbica, também era músico – dos bons. Quando me dou conta, já estamos na Rua Dr. Paula Xavier, 1.070, em Ponta Grossa. O Lauro é o técnico que acompanha a banda. Ele conhece todo grave e cada agudo, e acerta o som. Havia alguma apreensão. Agora, há algumas horas de não fazer nada. “Não sou músico profissional. Sou baterista da Relespública”, disse, ao recuperar fragmentos dos 24 anos da banda, o Emanuel Moon. Durante intervalo recente, quando o Fabio Elias deixou a Reles para flertar com um repertório românt

O mediador

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O Felipe Kryminice mediou o bate-papo no dia 9 de abril de 2013. O assunto era o meu segundo livro de contos, Golegolegolegolegah! , publicado pela Travessa dos Editores. O encontro aconteceu na Livrarias Curitiba do Shopping Estação. A foto é do Daniel Snege.

Getúlio Guerra e Matheus Duarte

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O Getúlio Guerra e o Matheus Duarte acompanharam o bate-papo a respeito do Golegolegolegolegah! na Livrarias Curitiba do Shopping Estação dia 9 de abril de 2013. Foto do Daniel Snege.

Eu e Golegolegolegolegah!

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Durante o bate-papo realizado dia 9 de abril, na Livrarias Curitiba do Estação, o público se distraiu e consegui conversar com o meu livro Golegolegolegolegah! Foto do Daniel Snege.

Dia 9 de abril de 2013

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No bate-papo realizado na Livrarias Curitiba do Estação, o público riu quando falei de uma viagem ao Caribe. Ou foi no momento em que comentei a obra do cantor Naldo? Foto do Daniel Snege.

Carne é carne

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Hoje o Fabrício Carpinejar nem me responde e-mail. Mas na década passada a situação era diferente. Em uma das primeiras visitas que o poeta gaúcho fez a Curitiba, caminhamos conversando por horas pelas ruas do Centro. Antes de seguirmos para o almoço na casa do Fábio Campana, o Carpinejar quis saber de que maneira eu resolvo a minha agressividade. “Bebendo água com gás”, respondi. Era mentira. Evidentemente que não diluo impulsos agressivos ingerindo água, e sim comendo. A esposa do Luiz Rebinski Júnior, a Daiane, me telefona para saber se estou envolvendo o marido dela em um programa de engorda. O Luiz e eu almoçamos juntos quase todos os dias. “O Marcio é o meu nutricionista”, disse, há algumas semanas, o Luiz para a Daiane. Poderíamos fazer avaliações do que é servido nos restaurantes do Centro. Mas aí lembro de uma frase do Omar Godoy: “Substituíram a análise e o interesse cultural pelo ensaio gastronômico”. O Omar, um ser atento e moderado, sabe o que diz. O mundo conte

Florência

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            O editor solicitou resenha do livro Supercool . Trinta dias. Li. Reli. Li uma terceira vez. E me sinto sem condições de comentar a obra. O que vocês vão ler, isso se alguém passar os olhos nessas linhas, é mais uma evidência do meu fracasso, da minha inaptidão para entender e analisar o que chamam de literatura.             Não sei se é romance, novela ou conto extenso. Cento e dez páginas e na ficha catalográfica a palavra ficção. De modo que deixo em aberto o gênero deste livro publicado pela Uqbar Edições em março de 2013.             Supercool trata do percurso de Florência, portenha, filha de argentinos, que fez a vida no Brasil. Não está escrito o nome da cidade, mas não é megalópole como São Paulo ou Rio, e sim outra capital com características de província, distante das decisões políticas e de onde o dinheiro circula no país.             Não sei se isso é recomendável, mas como falar do livro sem resumir o enredo? Peço, desde já, perdão, desculpas, a voc

Em expansão

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O botão da calça pula. Está no chão. Olho ao redor, ninguém viu. Será? Meus olhos seguem pelas páginas da revista, mas não leio nada. Uma mulher sorri para mim, no anúncio que promete eliminar até 10 quilos do corpo em um mês. O plano com quatro refeições diárias custa R$ 450. “O que o nosso bisavô e a nossa bisavó que fugiram da Eu­ro­pa em ruínas e sem comida diriam? Pagar para perder peso?” Interrompi uma vocação de fumante em 2009 e recuperei o fôlego. E o paladar também. Desfilo no Parque São Lourenço, na Vieira Souto, na Travessa Tupinambá e na Praça Benedito Calixto com esses 25 quilos que não tinha. Correr, eu corro. Caminho. Bebo água. Faço abdominais. E evito alface, outros verdes e a balança. Conheci Paranavaí, a cidade poesia do Brasil, terra do Amauri Martineli, conhece? Voltei encantado. Com o talento dos declamadores. E com uma calça nova que comprei em um shopping. A que eu vestia rasgou. Meu corpo está em expansão. “Será que o programa funciona? Tem motivado