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Mostrando postagens de janeiro, 2012

Impasses do tempo presente

A ficção de Marcio Renato dos Santos diz respeito aos impasses do tempo presente, e isso pode ser conferido no livro “Você tem à disposição todas as cores, mas pode escolher o azul”, que traz apenas um conto, mas suficiente para destrinchar a proposta do autor. O conto é narrado em primeira pessoa, o que aproxima o leitor do imaginário do personagem que narra, mas a ficção também faz uma leitura crítica de nosso presente, onde só há espaço para individualismo. Eu, eu, eu. Tudo em favor do eu. Essa prosa mostra um sujeito que trabalha das oito às dezoito, e nunca saiu fora do trilho, até que acontece um acidente e ele precisa seguir, mas não sabe o que fazer. Para não ficar em pânico diante do fato de que está perdido, o personagem criado por Marcio anda e começa a falar, sozinho, o que se mistura com pensamento em uma prosa de alta velocidade. “Você tem à disposição todas as cores, mas pode escolher o azul” foi lançado na passagem subterrânea do Terminal Hauer, em Curitiba, para acompa

Bloco do eu sozinho

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Faz meia década que não viajo em véspera ou durante feriados. O motivo? No último dia de 2007, ou seria de 2008?, tive uma ideia: seguir para o litoral do Paraná. Esqueci que outras muitas pessoas também iriam percorrer o mesmo trajeto naquele momento. Mas faria, tanto que fiz, o possível para pular sete ondas na passagem do ano com roupas brancas. Aqueles 111 quilômetros nunca, até então, demoraram tanto para serem vencidos. Foram treze horas. De avião, eu teria atravessado o Atlântico. Mas saí de Curitiba dentro de um carro em busca do mar paranaense a ouvir um mesmo CD, que quase derreteu. A temperatura do motor se desregulou diante daquele vai não vai; a fila de automóveis estava, literalmente, devagar quase parando. Choveu na passagem do ano, choveu no dia seguinte, choveu na viagem de volta, realizada nos previsíveis 90 minutos. Em Curitiba, em meio à garoa, a promessa: jamais, em nenhuma hipótese, sair da cidade nos recessos. Agora, em janeiro, veja só, não há filas nem con