Aguinaldo Severino resenha A cor do presente
Marcio
Renato dos Santos se reinventa uma vez mais com esse seu "A cor do
presente", um pequeno livro de contos. Se no livro anterior, "A certeza das coisas impossíveis", ele
inventava onze contos a partir de fragmentos, curtas histórias recortadas das
quais jamais saberíamos a gênese ou o desfecho, neste ele parece querer fixar
em prosa alucinações, delírios, mecanismos mentais, paranoias ou ainda o fluxo
de consciência de indivíduos mais que estranhos, doentes, bizarros. Absurdices talvez
seja o neologismo que definiria bem o núcleo das onze narrativas. As histórias
tratam do acaso de um acidente; do pesadelo ou do transe induzido pelo álcool;
de um personagem que busca um enredo; do sujeito que se intoxica com coelhos e
cores; do casal que fofoca sobre a vida de um palestrante; de uma courier que
se imagina em perigo; de uma mulher que imagina seu futuro enquanto come seu
jantar; de um homem que experimenta assédio e parece perder a razão; das
facetas de uma vingança patética, injusta; de um diabo travestido de taxista;
do provável desfecho de um jogo de futebol de várzea. Se o leitor é açodado
consegue ler o livro em menos de uma hora, mas talvez essa não seja a forma
mais adequada, talvez esse seja o tipo de livro que devemos deixar à mão, para
ser lido quando, à exemplo de seus personagens, estivermos inebriados, no
umbral do sonho, do desejo ou do pesadelo. Os demais livros de Marcio que já
registrei aqui são, pela ordem, "Minda-au",
"2,99",
"mais-laiquis",
"Finalmente
hoje" e "Outras
dezessete noites". Bom divertimento. Vale!
Registro #1374 (contos #160)
[início-fim: 19/03/2019]
[início-fim: 19/03/2019]
"A cor
do presente", Marcio Renato dos Santos, Curitiba:
Editora Tulipas
Negras, 1a. edição (2019), brochura 11,5x18,5 cm., 120 págs., ISBN:
978-85-917171-8-7
Conteúdo publicado no blog Livros que eu li, dia 10 de abril de 2019.
Comentários
Postar um comentário