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Mostrando postagens de abril, 2019
Magaly Floriano lê e comenta A cor do presente
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A artista e jornalista Magaly Floriano leu A cor do presente (Tulipas Negras, 2019), o meu oitavo livro de contos, e escreveu: "Sobre 'A Cor do Presente'. Eu me diverti e adorei o gosto musical dos personagens. Interrompi a leitura, muitas vezes, só para ouvir as músicas. Foi o máximo ler com trilha! Como pode perceber, minha identificação com os 'maluquinhos' foi imediata já que muitos de meus mosaicos nascem de canções. Por esse e por outros motivos confesso que o melhor encontro foi com o aspi rante a psiquiatra.Torço muito para que ele não desista!!!!! Um viva ao autor Marcio Renato Dos Santos e ao ilustrador Simon Taylor!" Na foto, o Vini, o Simon, a Magaly e eu na abertura da exposição Volta ao Centro Histórico em 80 dias, na noite de 12 de abril deste ano, no Solar do Barão. Clique do Nelson Martins.
Herdeiro do Vampiro
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Marcio Renato dos Santos é um escritor que respira contos. Vem lançando um livro por ano, numa produção constante e de qualidade, sempre num bom nível de elaboração artística. Não é diferente com o recente A cor do presente (Tulipas Negras, 118 páginas), narrativas em que o acaso e o sonho predominam. “Coincidência, ou não, Luciano insistiria, se pudesse, que não existe coincidência”, diz o narrador de “Comfortably Numb” (referências à cultura pop são comuns em seus títulos), conto em que o protagonista, um músico, é vítima de um desabamento de uma marquise, estando “num lugar impróprio na hora inadequada”. No segundo conto, “Serra”, também há um acidente, dessa vez um carro que cai num rio depois de seu motorista, o Diego, beber e fumar um cigarro atrás do outro, passando mal por isso. O que segue depois com o protagonista parece algo meio onírico ou alucinógeno. Em “No corpo do sonho”, mulheres desaparecem misteriosamente e o caso repercute porque todas têm, coi...
Binaca
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Nunca mais fui ao Café & Restaurante Trem Pagador. Almocei por anos no local, onde a refeição era e talvez ainda seja servida até as 15 horas. Por ser autônomo, poderia, em tese, almoçar na hora que quisesse. No entanto, para sobreviver sou obrigado a participar de reuniões, algumas realizadas no tradicional horário de almoço. Mas, enfim, frequentei assiduamente o estabelecimento daquele empresário, o Trem Pagador, conhecido por investir no cultivo de laranjas e na criação de patos. Eu chegava pouco antes do serviço ser encerrado, portanto, quase não havia clientes nem comida. Mas era bom, ótimo. Especialmente pelo fato de eu escutar a conversa dos garçons, que conhecia de oi e tchau, mas de quem nunca soube os nomes. Fiquei sabendo que eram universitários da área de humanas, a maioria do curso de letras. A cada semana, dez, quinze dias, discutiam exaustivamente uma questão. Depois mudavam de assunto. Lembro como se fosse há poucos minutos, mas já faz tanto tempo, do debate...
Breve comentário sobre arte & harmonização
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Harmonizar, por exemplo, vinho com comida não é exatamente algo fácil de colocar em prática. Cabernet Sauvignon funciona com carnes vermelhas e Sangiovese é indicado para pizzas e molho de tomate. Já o Pinot Noir acompanha peixes e vegetais. Na ficção também há combinações que funcionam e, para essa química acontecer, é fundamental que o escritor tenha repertório, algo que o Marcio Renato dos Santos possui. Os contos de A cor do presente sinalizam que o prosador curitibano dialoga com o legado de outros contistas, como Machado de Assis, Julio Ramón Ribeyro, Theckhov, Lucia Berlin, Lima Barreto, Dalton Trevisan, Clarice Lispector, Maupassant e Fábio Campana. Mas a criação artística de Marcio Renato dos Santos também estabelece pontos de contato, por exemplo, com outras linguagens, entre as quais as produções de Federico Fellini, Bergman, Caetano Veloso, Jorge Mautner, Gal Costa, Godard, Jimi Hendrix, Coltrane, Renato Russo, entre tantos, tantas manifestações culturais. A co...
Narrativas em chave de tensão
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Das teorias conhecidas sobre o conto (Borges, Cortázar, Piglia, Todorov, etc e etc), nenhuma consegue se comparar em pragmatismo e precisão quanto a análise construída pelo querido e saudoso escritor sergipano Antonio Carlos Viana. Em entrevista ao jornal Cândido, em abril de 2015, um dos nossos melhores contistas decodifica, a seu modo, a engenharia do gênero, em resposta à escolha pelo rigor e pelo padrão sintético em sua literatura: P ara mim, a teoria do conto é muito simples: ele precisa ter unidade de tempo, espaço e ação. Porque se você começar a dispersar muito a ação, o conto perde o que para mim é muito importante, que é a ação. A tensão tem que ser mantida a todo custo. Sempre digo que o contista não deve fazer o leitor respirar muito. Respira no começo e só solta o ar no final. Que ele seja levado pela força da linguagem. Por isso acho que o conto precisa ter, no máximo, seis páginas. Tudo que não for essencial, deve ser eliminado. A palavra certa é cortar. Quero que ...
Aguinaldo Severino resenha A cor do presente
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Marcio Renato dos Santos se reinventa uma vez mais com esse seu " A cor do presente ", um pequeno livro de contos. Se no livro anterior, " A certeza das coisas impossíveis ", ele inventava onze contos a partir de fragmentos, curtas histórias recortadas das quais jamais saberíamos a gênese ou o desfecho, neste ele parece querer fixar em prosa alucinações, delírios, mecanismos mentais, paranoias ou ainda o fluxo de consciência de indivíduos mais que estranhos, doentes, bizarros. Absurdices talvez seja o neologismo que definiria bem o núcleo das onze narrativas. As histórias tratam do acaso de um acidente; do pesadelo ou do transe induzido pelo álcool; de um personagem que busca um enredo; do sujeito que se intoxica com coelhos e cores; do casal que fofoca sobre a vida de um palestrante; de uma courier que se imagina em perigo; de uma mulher que imagina seu futuro enquanto come seu jantar; de um homem que experimenta assédio e parece perder a razão; das facetas...
Volta ao Centro Histórico em 80 dias
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"Volta ao Centro Histórico em 80 dias" é o título da exposição que reúne obras de Simon Taylor, Fabiano Vianna e Raro de Oliveira. A abertura acontece nesta sexta-feira, 12 de abril, a partir das 19 horas, no Solar do Barão (Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533, no centro de Curitiba), com entrada gratuita. A imagem deste post é um trabalho do Simon e faz parte da mostra.
Noite sem fim
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A escuridão, que evidentemente tem o seu contraponto na existência da luminosidade, a escuridão assim compreendida e, detalhe, arquitetada é o que conduz a produção literária e poética de Fábio Campana ao longo de décadas. Seja em narrativa longa, Ai (2007), nos contos de Todo o sangue (2004) ou em poemas, por exemplo, no recém-publicado As coisas simples (2019), Campana enfrenta o escuro (insisto, apesar da luz) e, em tal situação, apresenta imagens, cenas e narrativas sobre questões humanas. É possível supor, e isso é mera suposição, que Fábio Campana em seu percurso criativo tenha como leitmotiv o poema “Lagoa”, publicado em Alguma poesia (1930), o primeiro livro de Carlos Drummond de Andrade. No texto, a voz poética afirma que, apesar do mar, que pode ser bonito e até bravo, não importa, “eu vi a lagoa”. Há, inclusive, insistência: “Eu não vi o mar./ Eu vi a lagoa...”. Em diálogo com a essa oposição drummondiana lagoa-mar, Fábio Campana deliberadamente minimiza em sua ...
Espólio
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Que guardaremos disso tudo? A gema Inconcebível entre o horror e o encanto, Ou o ancestral silêncio, ou o ágil canto Que o tem por tema? A úmida muralha morna e turva Com que a dor nos estreita, o fim cinzento Do dia, a rosa, o raio, ou, numa curva De um sonho, o vento? Poema de Alexei Bueno publicado no livro Em sonho (1999).