Curitiba

Chuva e Curitiba: eis nossa invenção,
qualquer desculpa para ficar em casa.
O derretimento polar chegou aqui.

Vapores frios, a cabeça baixa,
a rua úmida.

Eu amo essa coisa cinza no quadro da janela.
Sinto-me um Kierkegaard à espera da filosofia.

O sabor da província é a flecha de Zenão:
lépido no universo
fazendo a curva
sem sair do lugar.

Entre você e o espaço,
nenhum centímetro de folga.

Curitiba nem roupa é – é pele.

Poema de Cristovão Tezza publicado em Eu, prosador, me confesso (2017). 

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