A respeito de Danação
Danação
(7Letras, 2018), o primeiro romance do contista Luís Pimentel, tem 23 capítulos
ou fragmentos. É possível (e talvez essa seja uma vereda recomendável) ler 1
capítulo (ou fragmento) por dia. Também não é desatino considerar cada capítulo
como uma hora de um dia e, vale repetir, são 23 capítulos (horas?). A vigésima
quarta hora (ou vigésimo quarto capítulo?) depende dos leitores. É o leitor
quem vai dar sentido e completar as sugestões da narrativa que apresenta um
sujeito, um José, que ziguezagueia em busca de seu destino. Há perdas, há
desilusão, há crimes, há fome, há flash-backs, há tensão, há poemas e há,
sutilmente articulado no texto, elipses, incompletudes, vazios propositais que,
fato, somente quem lê pode completar. Lembro de O sol por testemunha (1960),
filme dirigido por René Clément, como outra obra em que o espectador é necessário, imprescindível, para a realização da proposta narrativa.
Está aí Danação,
possibilidade peculiar da literatura brasileira, um acerto do Luís Pimentel.
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