O picão de Curitiba
Eu tenho uma propriedade pra mulher que
quiser namorar e casar comigo, tenho uma propriedade, um terreno grande e duas
casas. Minha propriedade está avaliada em oitocentos mil reais. E tem
escritura. A moça que casar comigo, depois que casar no civil, ela fica dona do
terreno e das duas casas. Minha propriedade, meu terreno e as duas casas têm
trinta metros de frente por sessenta de fundos, foi avaliada pela imobiliária e
vale oitocentos mil reais. Daí, a mulher que namorar e casar comigo, Osvaldo
José, a mulher fica dona do terreno e das duas casas. Mas eu quero uma mulher
que goste de mim por amor. Pelas minhas qualidades, porque eu sou um cara
safadinho, tenho boa pegada e sou experiente no amor. E vou falar bem a
verdade: um homem bonito e gostoso como eu, as mulheres não acham em qualquer
esquina não. Além de ser fiel, sincero, honesto, bom caráter e responsável, o
que mais posso dizer? Sou safadinho, experiente no amor e posso realizar a
fantasia sexual de qualquer mulher. Posso realizar todas as fantasias sexuais
de uma mulher. Nisso eu sou bom, sou bom de cama. Quem quiser me provar, me experimentar,
com certeza vai pedir bis. Porque um homem gostoso e bonito como eu não se encontra
em qualquer esquina não. Eu me garanto no que digo, eu falo e provo. Se alguma
mulher quiser me experimentar, ficar, namorar comigo, vai ver que sou um cara
bem interessante, né? É só vir aqui me conhecer, que não vai se arrepender não,
eu dou conta do recado. Sou novo, tenho trinta e sete anos, então, qualquer
mulher que quiser realizar as fantasias comigo, que quiser ter intimidade comigo,
mas daí fica só entre duas pessoas e quatro paredes. Não sou de falar, eu sou
de fazer, no caso, eu não falo, eu faço. Faço o que a mulher pedir, não sou de
comentar com os outros, com outras pessoas, é entre eu e a mulher, entre duas
pessoas e quatro paredes.
Conto publicado em A certeza das coisas impossíveis [Tulipas Negras, 2018], meu sétimo livro de narrativas.
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