Explicando o presente para Murilo Rubião

O Jorge Ialanji Filholini pergunta: se tivesse que explicar o Brasil de hoje para Murilo Rubião, que história você contaria? 
Quatro autores participam da enquete

A minha resposta é a seguinte:

Diria ao Murilo que tenho visto, em Brasília, Belo Horizonte e até em Curitiba, personagens que se transformam em canguru ou coelho, o que acontece em “Teleco, o coelhinho”. Se estivéssemos bebendo café, comentaria sobre um conhecido que, ao chegar por acaso ou engano em um local para onde não planejava viajar, foi preso pelo fato de fazer perguntas em um território no qual ninguém questiona nada — situação que Murilo apresentou no conto “A cidade”. Se estivéssemos bebendo cerveja, contaria a desventura de um amigo que se tornou, inesperadamente, prisioneiro e não será libertado nem em “um ano, dez, cem ou mil anos”, destino parecido com o de Alexandre, personagem de “A armadilha”. Mas, se estivéssemos bebendo vinho, confessaria que me sinto como o protagonista de “O pirotécnico Zacarias”, que não sabe se está morto ou vivo. Gostaria muito de dizer que já faz algumas semanas que leio e releio os 33 contos que ele escreveu e reescreveu obstinadamente. E que já não sei mais quando termina a ficção dele e em que momento estou diante e na realidade.

Conteúdo publicado no site Livre Opinião.

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