Terceira resenha de Mais laiquis - Jandique de Araújo rebate texto de Emiliano N. Ferreira


Por Jandique de Araújo
Fiquei chocado, quase tive “uns ataques”, ao ler o texto “Ensaio sobre a vaidade”, publicado neste espaço dia 19 de março. O autor, Emiliano N. Ferreira, entrou em cena sugerindo comentar o livro “Mais laiquis”, de Marcio Renato dos Santos. Mas, na realidade, Ferreira optou por fazer reparos no texto que escrevi, “Contemporâneo, divertido e arrebatador” — conteúdo veiculado neste mesmo espaço no último dia 17.
Emiliano N. Ferreira afirmou que não compreendi a proposta do escritor Marcio Renato dos Santos, pelo fato de eu afirmar que “Mais laiquis” trata, literariamente, do sucesso e do fracasso. Na avaliação de Ferreira, o referido livro teria como foco a vaidade humana. Pergunto: o “tema” sucesso não apresenta pontos de contato com o “tema” vaidade? Ou, então: a vaidade não diz respeito ao sucesso/fracasso? Considero que “Mais laiquis” problematiza a questão humana o que, em alguma medida, inclui sucesso e vaidade, entre outros assuntos.
“Mais laiquis” apresenta complexidade, e profundidade sobre o ser humano, e possibilita outras leituras, e não apenas o que encontrei, além de viabilizar muito mais reflexões do que aquilo que foi enunciado por Emiliano N. Ferreira.
Após ler e reler o artigo “Ensaio sobre a vaidade”, chego à conclusão de que, no fundo, vaidoso, mesmo, é o senhor Emiliano N. Ferreira. Mais que isso. Ele é presunçoso. Ou mais: é pernóstico. Ferreira afirma que me equivoquei ao dizer que o texto literário de Marcio Renato dos Santos é enxuto e ágil. Para Ferreira, “texto literário que não é enxuto e ágil, em 2015, não é texto nem literatura — todo escritor tem a obrigação de apresentar um texto compreensível, fluente e sem gorduras.” Tal afirmação é um equívoco. Nenhum escritor é obrigado a nada, muito menos a apresentar texto compreensível, fluente e sem gorduras. O prosador, se quiser, pode escrever um texto denso e até “difícil de ler” e, nem por isso, será — necessariamente — pior ou melhor do que aquele que pratica um “texto liso”.
Emiliano N. Ferreira chegou ao cúmulo de me chamar de vaidoso e superficial. O comentarista afirma, mas não prova o que diz. Blefa. Não vou me rebaixar e entrar no jogo dele. Ao contrário, considero este texto um ponto final na discussão. Não responderei a nenhum ataque. Se for caluniado ou difamado, serei obrigado a procurar assessoramento jurídico.
Lamento que a minha atitude, ter escrito e publicado uma análise literária, tenha gerado uma reação desmedida por parte de uma pessoa que não apresenta compostura para o debate intelectual.
Antes de encerrar, ressalto que, para mim, o que interessa é afirmar que “Mais laiquis”, livro de contos de Marcio Renato dos Santos, traz uma discussão relevante a respeito da psicologia humana no século 21, onde as relações sociais estão, em tese, “ancoradas” nas redes sociais. O autor não cita aleatoriamente Facebook e curtidas em postagens. Ele se apropriada disso com a finalidade de mostrar a ascensão e a queda do humano contemporâneo, contextualmente, em um ambiente quase 100% digital — e faz isso de uma maneira inusitada, seduzindo o leitor a partir de uma linguagem elaborada e com humor — elemento que Emiliano N. Ferreira não demonstra saber o que é.
Era isso.
SERVIÇO:
“Mais Laiquis”, livro de contos de Marcio Renato dos Santos. Publicada pela Tulipas Negras, a obra tem 80 páginas, custa R$ 40 e o ISBN é o 978-85-917171-1-8. Lançamento dia 8 de abril, quarta-feira, a partir das 18h25, no Museu Guido Viaro (Rua XV de Novembro, 1.348, Curitiba – Paraná).

Conteúdo publicado originalmente no Indústria&Comércio.

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