Guido Viaro lê Golegolegolegolegah!
O
escritor Guido Viaro (desenhado por Simon Taylor) leu
Golegolegolegolegah!, o meu segundo livro de contos, e
escreveu a seguinte resenha:
"Os
personagens estão perdidos, vagam entre cidades e profissões, são
como parafusos cujas roscas são de tamanho maior. Há inconstância
naquelas vidas. Mas não é só isso, elas são frágeis folhas na
árvore social, muitas delas, todos os dias são arrancadas por
brisas. Mas os personagens são persistentes, superam dificuldades,
para descobrirem outras maiores e finalmente encontrarem o desânimo
a que todos têm direito.
O
livro conta a história de toda a humanidade, pois as histórias se
repetem, e quem consegue escrever sobre essa repetição, normalmente
tem seu nome repetido pelos séculos afora.
No
último conto, a morte chega através de um acidente de carro. Mas as
coisas não mudam tanto assim, a confusão e o atabalhoamento dos
recém mortos, é parecido com o ímpeto infanto-juvenil daqueles que
acreditam que a bicicleta realmente melhorará o mundo. Parece que
nossos problemas têm origem distante e vão sendo geneticamente
transmitidos através das novas gerações.
Encontrei
todas essas ideias no livro.
Teve
outras que só consegui ver de relance, por incapacidade minha, mas
elas estavam lá, amarrando os contos e construindo o livro, que
depois, quando estiver em nossas mãos, vai nos contaminar de
humanidade, fraquezas, e até de uma dose de heroísmo que mesmo o
mais medíocre dos homens possui.
Esse
livro que balbucia um inefável nome, fala do sonho e da frustração,
depois atravessa épocas, que parecem ser sempre a mesma, mostra o
homem, um eterno perdedor, um fracassado atávico, que em seu
caminho, elege alguns pequenos sucessos para depois destruí-los.
Esse livro é ácido sulfúrico para aqueles que conseguirem
segurá-lo nas mãos, mas pode ser lido também como algumas
histórias bem escritas. Esse monólito literário desafia os céus
com suas qualidades, embaixo dele há uma escola, o ano é 2134, e o
livro é de leitura obrigatória no currículo escolar."
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