Soneto italiano

Frescura das sereias e do orvalho,
Graça dos brancos pés dos pequeninos,
Voz das manhãs cantando pelos sinos,
Rosa mais alta no mais alto galho:

De quem me valerei, se não me valho
De ti, que tens a chave dos destinos
Em que arderam meus sonhos cristalinos
Feitos cinza que em pranto ao vento espalho?

Também te vi chorar... Também sofreste
A dor de ver secarem pela estrada
As fontes da esperança... E não cedeste!

Antes, pobre, despida e trespassada,
Soubeste dar à vida, em que morreste,
Tudo — à vida, que nunca te deu nada!

Poema de Manuel Bandeira, publicado no livro Lira dos Cinquent'anos (1940).

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rádio Educativa e TV Paraná Turismo levam prêmios de jornalismo

Carlos Machado ministra oficina gratuita de contos no projeto Ampliando Horizontes: Poesia e Ficção – Ano 4, em Curitiba