Faz tempo, meses, anos, que as águas daquele litoral estavam paradas. A responsável pela educação das crianças, Tia Erê, nem lembrava o que era uma onda. Marolas embalaram Cronos, o controlador do fluxo na região, quando ele não tinha rugas, cabelos brancos nem manchas nas mãos. Para Do Irajá, o contador oficial de nuvens, mar era aquela massa de água lisa da baía onde ele nasceu e vive há quatro décadas. Na praia da Grande Pedra era possível o mergulho, a flutuação e o descanso como se estivesse em uma piscina e Rá, a corneteira, boiava, barriga, pés e olhos para cima, quando uma onda surgiu e a levou até o raso, onde as crianças e os que não sabem nadar brincam sem medo. Rá se levantou, e viu. Os que estavam na areia, entre os quais Cronos, Erê e Do Irajá, olhavam para ela. Rá, a ...