Na marcha dos invisíveis

O meu tataravô abandonou a Europa e, durante a viagem de navio, enunciou algo que passou de avô para mãe e chegou até os meus ouvidos: “Não quero que ninguém da família volte para aquele lugar [a Europa]. Passei fome lá. A vida de vocês será nesse mundo novo”. Meu passaporte é quase virgem. Mas as páginas de Enrique Vila-Matas me transportam para a Espanha. Balzac me revela a França. Conheço até a asiática Rússia, não devido aos vermelhinhos daqui, mas nas 2.528 páginas de Guerra e Paz. Estou satisfeito. Deixo a vaga em hotéis, restaurantes e filas no continente europeu para os mais animados. A minha avó Francisca viveu 95 anos e, antes do penúltimo suspiro, me revelou: “Marcio, o segredo da longevidade é não fazer nenhum exercício físico. E comer todo dia três colheradas de açúcar”. Respeito a orientação dos antepassados, e nem cogito desobedecer. Caso contrário, uma maldição se deflagrará e posso vir a sofrer um AVC, um infarto ou, ai de mim, sair pedalando por aí. Não é ...