Manias de Minda-Au

O escritor Michel Laub publica em seu blog depoimentos de escritores brasileiros sobre as suas manias quando escrevem. Fui convidado e o meu depoimento pode ser lido abaixo ou diretamente no blog dele.

Marcio Renato dos Santos, autor de Minda-Au “Escrevo o tempo todo, principalmente quando não estou diante do computador. Caminhar. Sinto necessidade de seguir pelas ruas, todo dia, até na chuva – e em Curitiba chove. São seis, sete quilômetros de onde moro até um parque, e retorno. No trajeto, 90 ou 100 minutos, faço literatura. Penso nas personagens, na trama, na linguagem, elaboro cenas, frases, diálogos. Volto. Moro no quarto andar. Sigo pelos degraus. Abro a porta, fecho e vou até o escritório. O computador está ligado, sento na cadeira, pronto. Começo a escrever, e todo o plano anterior, da caminhada, se desfaz. O que sai é outra prosa. Daí, tenho café, que me acalma, água com gás pra me estimular. Escrevo, reescrevo. Sigo, se for em silêncio, melhor. Mas se houver som, dança de tamancos no andar de cima, solo de tuba, no de baixo, sai do mesmo jeito. Sai. De manhã ou à noite. Também no horário do almoço, entre os turnos do trabalho. E trabalho a fazer textos, oito horas todo dia. Descanso do trabalho a escrever ficção, a reescrever. Sonho com meus textos. Minda-Au, publicado pela Record em 2010, surgiu das madrugadas. Você tem à disposição todas as cores, mas pode escolher o azul, o segundo livro, do ano passado, é fruto da insônia. O terceiro, 934, que saiu pela Tulipas Negras, e teve toda a tiragem distribuída dia 25 de fevereiro em Curitiba, durante a Quadra Cultural 2012, é do mundo dos sonhos. Escrevo durante as férias, com caneta em cadernos. Se viajo, uso as máquinas do hotel. Tenho de escrever. Se não? Dá vontade de derrubar postes, atropelar carros com meus sapatos ou arrancar paralelepípedos e atirar por aí. Mas não. Escrevo, escrevo e escrevo assim, sem manias, de qualquer jeito, e o texto acontece.”

Foto de Dico Kremer.

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