Todas as cores de Minda-Au


O escritor Guido Viaro, que tem o mesmo nome de seu avô pintor (1897-1971, o autor da linda imagem de post), escreveu uma resenha, em feitio de texto de e-mail, sobre Minda-Au (Record). O que o Guido percebeu, sentiu e disse sobre o meu livro é de uma beleza que precisa ser compartilhada com todos vocês.

"Oi Marcio, li teu livro. Aqui vão algumas apreciações. Acho que os sete contos dialogam, e o livro chega a parecer um romance com sutis fios que os unem. Essa comunicação tem uma base comum, são os meios tons, os momentos de espera, a acidez estomacal, o tédio, o céu nublado... os tijolos que constróem o núcleo vivo da existência. Por isso o livro fala fundo. Sem apelar para clichês (fáceis quando confunde-se realidade com a realidade recriada), o livro sustenta a dúvida hamletiana do ser ou não ser. Vale à pena? Não será a vida uma sucessão de instantes tediosos sem qualquer sentido, e que sempre acaba da mesma forma? Ouvi essas perguntas enquanto lia. E não ouvi nenhuma resposta. A leitura agradável encobre camadas profundas de questionamento, e os leitores poderão optar por ir até onde lhes é confortável, ou possível. Tecnicamente gostei muito da pontuação, tanto da presença quanto da ausência, é mais um instrumento importante para tingir a tela com cores pasteis. Aliás, pensei muito em pintura enquanto lia, há algo da sutileza da aquarela em teu texto, sombras, e a liberdade de tintas que podem escorrer um pouco, e mesmo assim continuarão dizendo algo. No conto que fala de Porto Alegre, me lembrei do livro "O homem que dorme" do Georges Perec, o mesmo desapego, a mesma falta de horizonte e a mesma falta de respostas fáceis. No último conto, o mestre Jamil é pintado sem emoções baratas nem tentativas rasas de emocionar, acho que ele ficaria orgulhoso desse retrato. Parabéns, é um grande livro... e esse é só o começo... Guido."

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