Minda-Au no Estado de Minas


O jornal Estado de Minas, do grupo Diários Associados, publicou matéria no dia 12 de abril de 2011 sobre Minda-Au. Marcio Renato dos Santos mostra crônicas das ruas e emoções. Este é o título da matéria, realizada por Carlos Herculanos Lopes, que leu o meu livro, me entrevistou e escreveu essa reportagem que também é resenha e me consagra. Confira.

Entre os cerca de 700 contos que já escreveu, o escritor paranaense Marcio Renato dos Santos escolheu sete, todos ambientados em Curitiba, para compor o seu primeiro livro, Minda-Au, com o qual faz sua estreia na literatura de ficção. O nome escolhido para a coletânea, que à primeira vista pode soar estranho, remete à sua primeira infância, quando ele estava engatinhando. “A minha avó Diva, que já morreu, pintava quadros, e antes de ficar cega, desenhou um dromedário. Eu tinha um ano e poucos meses, e um dia, me arrastando pela casa, apontei para o quadro e disse: Minda-au. Agora, já com 30 e poucos anos, ao lançar meu primeiro livro lembrei-me da história dessa palavra, e decidi usá-la”, disse Márcio. 
Nascido em Curitiba, em 1974, o escritor, que também é jornalista, conta que começou a se interessar pela literatura ainda adolescente, quando foi passar férias na casa de um tio e um romance caiu nas suas mãos. Não se lembra mais qual era, mas sabe que aquela leitura foi decisiva para ele . “Desde então, comecei a escrever e nunca mais parei. Escrevo todos os dias, sou tomado pela literatura e se pudesse só me dedicava à ficção”. Como não pode, divide seu tempo com o jornalismo diário, como repórter no jornal Gazeta do povo, de Curitiba, cidade que conhece bem e elegeu como palco das suas histórias. 

Logo no conto de abertura, “Sub”, ele mostra que não está para brincadeiras. Com uma força rara, pouco comum em livros de estreia, Marcio conta a desventura do andarilho Edward, que vaga sem rumo pela cidade. Dono de uma outra história, que talvez queira esquecer, esse homem, sabe-se lá por que, optou por viver nas ruas, nas quais muitas vezes, mesmo sem querer, é obrigado a conviver com o passado. “Edward está na Rua XV. Vê uma mulher. Parece aquela que por muitos dias foi a sua esposa”.
Numa outra história, “A guitarra de Jerez”, tão envolvente como a primeira, um homem conta como adquiriu uma guitarra amaldiçoada, que tem o poder de levar à morte todos os que ousam ser seu dono. A primeira vítima, não por coincidência, foi um certo Ramón Hernández, que era considerado um dos maiores guitarristas de flamenco da Espanha. Logo depois de comprar a guitarra, acabou se suicidando. Na sequência, um a um seus donos tiveram fins trágicos, até ela cair nas mãos de um curitibano. 
Em “Teletransporte nº 2”, um dos melhores contos do livro, o escritor fala de um sujeito que não sabe se está acordado ou sonhando, enquanto dirige um carro desgovernado. “Na realidade, o que quis, ao escrevê-lo, foi fazer uma metáfora da própria vida, pois não temos controle sobre nossa trajetória no mundo”, diz. Num outro, “Os homens sem alma”, somos levados a participar de uma conversa literária com a linguagem do livro Sexo, de André Sant’Ana, que Marcio Renato considera um dos melhores autores de sua geração. 
Cenário urbano
Sobre a opção de centrar suas histórias na capital paranaense, o autor de Minda-Au não vê nenhuma novidade nisso. Antes dele, escritores como Dalton Trevisan, que não por coincidência é chamado de “O vampiro de Curitiba”, continua escrevendo dezenas de histórias sobre cidade. “Também Curitiba já foi recriada literariamente, com brilhantismo, por autores como Newton Sampaio e Jamil Snege. No meu caso, procurei ambientar minha ficção em um lugar diferente do que dizem que Curitiba é. Há clichês que falam que é uma cidade autofágica, que não valoriza os locais. Considero essas análises equivocadas. Curitiba é para mim a cidade que aparece em Estômago, filme de Marcos Jorge”, diz o contista.
Quizilas locais à parte, certo mesmo é que Marcio Renato dos Santos, com Minda-Au, estreou na literatura em grande estilo. Escreveu um ótimo livro ou uma pequena mostra do que ainda vem por aí. Afinal de contas, como ele confessou, tem centenas de histórias prontas. Se tiverem a mesma força dos sete contos desse livro de estreia, com certeza iremos ler muita coisa boa de sua autoria. (CHL)
Se quiser ler a reportagem diretamente na página virtual do Estado de Minas, eis o link: http://tinyurl.com/5vgpxt8

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Livro sobre o skate no Paraná será lançado durante a 42.ª Semana Literária Sesc & Feira do Livro, em Curitiba