Entrevista publicada no Rascunho de abril de 2011


RASCUNHO: edição_//132_abril_2011
ENTREVISTA: Marcio Renato dos Santos

Por que iniciar a carreira literária com um livro de contos?
Comecei a escrever ficção há mais de duas décadas, mas não pensava em ter um livro publicado, apenas em escrever. Durante esse tempo, produzi contos, uma novela, um romance, poemas e outras prosas, até letra para canção. Desde o ano 2000 que eu publico contos em revistas e jornais. Há dois anos, comecei a reler minha ficção e percebi que tinha mais de 700 contos finalizados. Separei os textos, o que resultou em mais de 20 livros de contos. Um deles batizei de Minda-Au e enviei para a Record. Um dia, recebi uma ligação da Luciana Villas-Boas, a diretora editorial, dizendo que iria publicar o meu livro. Quase tive um siricutico. Ainda mais porque quem decidiu publicar Minda-Au foi ela, a Luciana Villas-Boas, uma das pessoas que mais lê, entende e gosta de literatura. Isso já diz muito a respeito de Minda-Au. Mas, respondendo à pergunta, decidi iniciar a minha carreira literária com um livro de contos porque foi nesse gênero que eu mais trabalhei e retrabalhei a minha ficção.

Como foi o seu primeiro contato com a literatura? E o que ela representa atualmente em sua vida?
A literatura chegou à minha vida durante umas férias no final da década de 1980, por meio de um romance, de que já nem lembro mais o título. Desde então, vivi poucos dias sem ler. Já cheguei a ler por seis, sete horas diariamente durante alguns anos da década de 1990. Hoje fico pelo menos duas horas lendo todas as noites. Há quatro anos, saí de férias com a decisão de não ler. Mas não agüentei. Tive de comprar dez livros, que li em sete dias. Gostaria, mesmo, de passar uma semana sem leitura, mas não consigo. Se eu não ler, tenho a sensação de que estou perdendo algo muito interessante. Não imagino a minha vida sem livros e sem a leitura diária. Escrevo ficção todos os dias por pelo menos 30 minutos. Foi lendo que me tornei escritor. E não encontro explicação para isso.

O que você espera alcançar com sua escrita?
Quero escrever textos que me surpreendam. Quando faço um conto que, ao final, me nocauteia, fico razoavelmente satisfeito. Entre os que estão em Minda-Au, tem um que me arrebatou completamente. É o De Teletransporte N.º 2, que tem um personagem que não sabe se sonha ou está acordado dirigindo um carro desgovernado. O texto quase não tem pontos e é uma recriação literária do que pode ser um pesadelo. Escrevi umas 20 versões, reescrevi mais de 20 vezes cada uma das versões e, quando reli, gostei mais daquela que eu marquei com o número 2, daí o porquê do título. Fazer contos como o De Teletransporte N.º 2 é o que me faz pular o mundo. Também quero ser lido. Resenhistas dos jornais Gazeta do Povo, Jornal de Londrina, Jornal da Comunicação (UFPR), Correio do Povo, Correio da Bahia, além do Luiz Paulo Faccioli, na BandNews de Porto Alegre, e do Bruno Zeni, no Guia da Folha de S.Paulo, leram e comentaram Minda-Au. Agora, serei resenhado no Rascunho. Espero que mais pessoas leiam, comentem e escrevam sobre Minda-Au.

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