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Mostrando postagens de abril, 2023
O passado
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"Na evocação que venho fazendo de minhas andanças com tio Salles não posso separar o que pertence a 1916 ou a 1917. Aliás é impossível restaurar o passado em estado de pureza. Basta que ele tenha existido para que a memória o corrompa com lembranças superpostas. Mesmo pensando diariamente no mesmo fato sua restauração trará de mistura o analógico de cada dia – o que chega para transformá-lo. É como navegar, arrastando dentro do mar-tempo um fio e um anzol que são sempre os mesmos mas sobre os quais se grudam as camadas e as camadas de plâncton que acabarão por transformar a coisa filiforme e aguda numa espécie de esponja." Fragmento de Balão Cativo , do Pedro Nava.
EU SOU TREZENTOS...
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Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cinquenta, As sensações renascem de si mesmas sem repouso, Ôh espelhos, ôh Pirineus! ôh caiçaras! Se um deus morrer, irei no Piauí buscar outro! Abraço no meu leito as melhores palavras, E os suspiros que dou são violinos alheios; Eu piso a terra como quem descobre a furto Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos! Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cinquenta, Mas um dia afinal me encontrarei comigo... Tenhamos paciência, andorinhas curtas, Só o esquecimento é que condensa, E então minha alma servirá de abrigo. Poema de Mário de Andrade publicado em Remate dos Males (1930).
Osso para Wilson
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Penso em Wilson Bueno como um osso ao relento, nu e núbil como um osso a esmo. Osso que se bastasse de sua óssea alvura, nu e núbil de sua própria lua. Osso que se recusasse à sina que o paparica e se adornasse de sua própria adrenalina. Osso à deriva, a dedilhar seus venenos como uma visita. Osso Wilson Bueno Ouço sua cítara. Poema de Jamil Snege (1939-2003) publicado em O jardim, a tempestade (1989).
Jiro Takahashi lê Candongas não fazem festa
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