Kaki
Hoje tem Kaki
(Blanche, 2015), do Alvaro Posselt:
Mais de uma vez diante de mudança radical no tempo, uma
emissora de televisão curitibana fez reportagem sobre o assunto citando o
haicai "Curitiba não nos poupa/ ontem tomei sorvete/ hoje tomo sopa".
Estampado em um muro no centro da cidade, o breve poema
é do Alvaro Posselt, talentoso haicaísta curitibano.
Ele demonstra habilidade em captar uma cena e traduzi-la
em poucas e precisas palavras, ou seja, é engenhoso na fabricação de haicai – e
o poema da página 79 de Kaki faz ver
isso: "Feito água da bica/ o instante passa adiante/ O poema fica".
Autoexplicativo, é um breve poema e ao mesmo tempo
possível definição do que é um haicai: uma foto, recorte de uma cena da
realidade, em que o poeta (fotógrafo) não interfere e capta o que consegue
registrar daquele instante.
Posselt afirma-se haicaísta na cidade em que Helena
Kolody (1912-2004) e Paulo Leminski (1944-1989), em alguma medida, fixaram o
haicai (poema de origem japonesa) como tradição – dezenas (talvez centenas) de
poetas praticam o haicai na capital paranaense.
O autor de Kaki
dialoga com esse inestimável legado e, de certa maneira, radicaliza, uma vez
que, diferentemente de Kolody e Leminski, que também experimentaram outras
modalidades poéticas, Posselt é haicaísta em tempo integral ("Também tenho
um tanto de poemas longos, ou nem tanto. Quem sabe um dia reúno isso num livro").
Em 5 de outubro deste ano, ao anunciar a sua estreia em
uma conhecida plataforma de compartilhamento de vídeos, Posselt publicou em
suas redes sociais: "Também entrei no clube/ Te convido a conhecer/ meu
canal no YouTube".
Ele utiliza as redes sociais como vitrine de sua
contínua produção poética. Em 10 de outubro postou: "Reunião de família/
os ponteiros se ajustam/ com o horário de Brasília". Dois dias depois,
compartilhou este: "Dia da criança/ já cedo cheia de brinquedo/ toda a
casa dança".
Militante do haicai, Alvaro Posselt ministra oficinas em
escolas públicas e espalha os breves e certeiros poemas em formato de livro há
alguns anos – Kaki, vale acrescentar,
traz ilustrações de Edson Takeuti.
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