Zé Mariano Mariano resenha Mais laiquis

Zé Mariano Mariano, de Florianópolis, escreveu resenha, publicada em seu Facebook, sobre Mais laiquis. 
"Eu conheci Marcio Renato Dos Santos no 5º Festival Nacional do Conto e agradeço o livro "Mais Laiquis", que recebi de presente.
Um livro de contos em que a procura por visibilidade é, salvo engano, a temática principal. Mas um conto em especial me chamou a atenção: trata-se de "No dia em que te vi", sobre o personagem Charles, que espera divulgação da peça: "As inquietações de um sujeito criativo", em que o protagonista tenta reconquistar a ex-mulher Cibele com o único intuito de divulgação, num suposto enlace interesseiro. Desfecho interessante do conto e da reação da personagem Cibeli.
O conto que dá título ao livro é "Mais laiques", ou "Mais curtidas". Acabei de ler que o número de "curtir" quanto maior, eleva os níveis de dopamina/endorfina (não seria morfina?) e vicia. É bem atual a temática.
"Bicicletas de Curitiba" tem algo interessante: o elemento surpresa. Ninguém esperaria o desfecho oferecido à protagonista Cassandra. É conferir, caríssimo leitor!
O conto "Off-line" é também sobre a ansiedade de se estar conectado, aqui e agora, nas mídias sociais. A narradora afirma que o homem que está deitado na cama é o assunto que, também e por falta de visibilidade, desaparece. E tudo o que ela queria era uma "selfie".
Na página sessenta há um problema de digitação que em nada compromete o texto: "Fred, diz em voz alta ..." (retificando, enquanto leitor que sou). Trata-se de um alcóolatra. Texto instigante.
Em "Boquita Pequena" uma grata surpresa: um desvio da norma do tema de visibilidade, afinal não se trata da superficialidade de exposição, mas entre ser e não-ser. A ótima ideia dos "Tulipas Negras" está aí e, me arrisco a dizer, é o mais profundo dos contos apresentados, pois ser travesti é marca de "invisibilidade social", quando não de violência, infelizmente. Bom conto!
Os dois últimos: "Que a cidade comeu" e "Ele era Bento" as personagens desaparecem, Nilo engolido pela cidade, numa metáfora ou, ainda, o Bento em embate permanente com Richard, sem uma clara conexão entre o desenvolvimento e o desfecho, mas me arrisco a dizer que o humor de Bento desaparece na tecnocracia do tecladista (de teclar) Richard.
Há, ainda, sempre dúvidas temporais em alguns dos contos apresentados: ano e dia, por exemplo. Seria 2012 ou 2015? Sexta ou sábado?
Mais do que a memória do narrador, a nossa de fato desaparece no anseio de "curtidas", numa Tendência desconexa e sem sentido. Incomunicabilidade!"

Foto de Henrique Pereira.

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