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Mostrando postagens de janeiro, 2022
Porcelana invisível
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Hoje tem Porcelana invisível (Cosac Naify, 2015), do Fernando Paixão: Algo me desestabiliza ao reler Porcelana invisível , do Fernando Paixão. Não encontro referências, nenhuma pista das leituras determinantes, as que devem ter estimulado o poeta e pulsam nesses precisos versos. Seria leviano, por exemplo, citar apenas nomes do cânone brasileiro, modernistas, modernos e/ou contemporâneos, como as vozes com quem Fernando Paixão dialoga (certamente ele conhece esse legado) – o poeta é um leitor curioso, nascido em Portugal em 1955, radicado no Brasil desde a infância (estudioso, entre tantos percursos, das obras do José Paulo Paes e de Mário de Sá-Carneiro). É, enfim, possível seguir por temas atemporais presentes neste livro publicado em 2015 – e minha viagem hoje vai por esses trilhos (sem identificar, com precisão, referências do autor). Impressionante, em "Capela dos ossos" a voz poética diz observar caveiras e imagina um diálogo com os restos mortais: "...
Lição da Matéria
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Hoje tem Lição da Matéria (Biblioteca Pública do Paraná, 2018), de Daniel Arelli: Lição da Matéria reúne poemas, ao menos para mim, inesquecíveis desde a sua publicação, em 2018, ano em que a obra conquistou o primeiro lugar no Prêmio Paraná de Literatura, categoria Poesia – o júri daquela edição foi formado por Marília Garcia, Ricardo Silvestrin e Wilberth Salgueiro. Os versos de Daniel Arelli irradiam amplo repertório, diálogo com presente e passado (e – por que não? – com o futuro), e, pela riqueza que possui, o conteúdo pode apontar referências ao leitor(a) curioso(a) que ainda desconhece determinadas obras, certo(a)s autore(a)s, questões interessantíssimas. Quarta parte do livro (de um total de 6), "Oficina abstrata" contém expressivos poemas a respeito da criação artística – reproduzo a seguir o sexto texto poético de "Teoria do Rascunho": "Um bom poema// se reconhece pelo corte do verso/ às vezes sequer é preciso ler o poema/ pelo corte do ve...
Às vezes, aos domingos | Edição 21 | Carlos Machado e Divanize Carbonieri
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Se quiser, se puder, clique aqui e confira a íntegra da 21.ª edição de "Às vezes, aos domingos", bate-papo realizado na tarde de 16 de janeiro de 2022 com Carlos Machado e Divanize Carbonieri – conteúdo transmitido no canal do YouTube Às vezes, aos domingos. Soma de Ideias, Coalhada Artesanal e Tulipas Negras apoiam a iniciativa que idealizei em parceria com o Guido Viaro. O próximo encontro acontece no domingo do Carnaval 2022, dia 27 de fevereiro, com Andréia Carvalho Gavita e Anna Apolinário, a partir das 17 horas, no canal do YouTube Às vezes, aos domingos. #literaturabrasileira #literaturanacional #literatura #carlosmachado #divanizecarbonieri
Hoje!
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Isso mesmo! Hoje, a partir das 17 horas, Carlos Machado e Divanize Carbonieri participam da 21.ª edição de "Às vezes, aos domingos". Sem mediador(a), eles vão se entrevistar e ler narrativas autorais no canal do YouTube Às vezes, aos domingos. Soma de Ideias, Coalhada Artesanal Preciosa e Tulipas Negras apoiam a iniciativa que idealizei em parceria com o Guido Viaro.
Água viva
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Hoje tem Água viva (Rocco, 1998), da Clarice Lispector: Mergulho nessa obra, talvez involuntariamente, com ecos de uma máxima do Italo Calvino: "Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer.". Para mim, para tantas, para muitos, Água viva é sempre novidade – e continua sendo nesta nem sei que releitura é, que me conduz a outra pensata do Calvino: "Toda releitura de um clássico é uma leitura de descoberta como a primeira.". Siderado, redescubro tanto em Água viva , como na primeira vez, o que dialoga com uma terceira iluminação do escritor cubano-italiano: "Toda primeira leitura de um clássico é na realidade uma releitura.". Enfim, releio Água viva , narrativa poética em que há um turbilhão de frases perfeitas: "Minhas desequilibradas palavras são o luxo de meu silêncio.". O que seduz meu imaginário durante essa recentíssima leitura é a obsessão da narradora em busca do presente (o que talvez...
"Por instantes, antes de chover"
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"Não era possível, mas acontecia, aconteceu. Na praça, perto de um shopping, a menos de dez minutos do meu apartamento. Lá, eu andava ao lado de um sujeito com quem tinha perdido o contato faz tempo. Ele, esqueci o nome, conversava pelo telefone celular com uma figura pública presa recentemente por causa de crimes divulgados na televisão, rádio e na internet, você deve saber de quem estou falando, sabe?" Trecho de "Por instantes, antes de chover" , meu conto inédito, publicado na edição 125 do Cândido . Para ler, acesse o site www.candido.bpp.pr.gov.br ou faça o download gratuito do arquivo com o novo projeto gráfico.
O movimento dos pássaros
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Hoje tem O movimento dos pássaros (Martelo, 2020), da Micheliny Verunschk: Já nos primeiros poemas, uma ideia decola: os pássaro mencionados no título são aves, que também podem ser poemas, no caso, os textos poéticos deste livro. Tal sugestão está, por exemplo, em "advertência": "este livro não é um pássaro// (embora sangre) [...] este livro não é um pássaro// (embora o seu peso o denuncie/ como pássaro)". Os versos, os poemas falam de pássaros e ao mesmo tempo de poesia, como "às escuras", que tão bem dialoga com a sugerida ambiguidade: "é preciso escrever o pouso/ do mesmo modo/ que se escreve o voo.// é preciso escrever o ninho/ do mesmo modo/ que se escreve a árvore.// é preciso escrever a queda/ do mesmo modo/ que se escreve a curva.// é preciso escrever o ataque/ do mesmo modo/ que se escreve a perda.// é preciso escrever a ausência/ do mesmo modo/ que se escreve o pássaro.// é preciso sobretudo/ escrever aquilo que você não sabe....
Quanto custa um elefante?
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Hoje tem Quanto custa um elefante? (Editora 34, 2020), do Marcelo Mirisola: Já faz tempo, e muita, tanta gente sabe, mas nem todos os que conhecem o fato enunciam e repetem: o Marcelo Mirisola é um excelente escritor. Em algumas de suas narrativas, Mirisola faz um narrador, que leitore(a)s podem confundir com ele mesmo, dizer algo como a seguinte afirmação: o Mirisola é um dos grandes autores do Brasil. Essa aclamação (necessária) não é exagerada ou vazia, basta ler qualquer um dos livros dele, os mais recentes, então, são preciosidades, como precioso é Quanto custa um elefante? O narrador (que, enfim, não poucos insistem ser o próprio Mirisola, mas, vale ressaltar, não é) procura e encontra uma mãe de santo para por meio do sobrenatural resolver impasses – há uma personagem (genialmente, menos que isso não tem definição) chamada Ruína. O diabo, ele mesmo, cobra alguns elefantes (para saber o valor de cada mamífero, por gentileza, leia a obra) antes de realizar o traba...