Extroversão pode ser extorsão

Piada não tem necessariamente relação com humor. A tese, mais do que conhecida, é obsessão da Aninha. A engenheira química não ri de piada. As piadas, em geral, ela e você sabem, tentam dissimular racismo, misoginia, discriminações, tantos preconceitos. A curitibana tem convicção de que humor é outra coisa. É, entre possibilidades, visão de mundo, crítica. Ela gosta de comentar que pode ter mais humor em um casmurro resmungando do que nesses sujeitos que, antes do início da pandemia, pretendiam entreter plateias em clubes de comédia, churrascos e encontros em que ingerir álcool era obrigatório. Se o sujeito gosta de contar, conta e ri da própria piada, neste caso, Aninha destaca, ele merece detenção sem julgamento. As cinco, seis amigas que estão no Zoom, cada uma em sua casa, bebendo vinho, todas riem – Aninha continua sem mostrar os dentes, talvez irritada ou segurando o riso. Verônica ri, aplaude, diz que a tese é perfeita...