Quem costura quando Mirna costura

 

Hoje tem Quem costura quando Mirna costura (Arte & Letra, 2021), do Fabiano Vianna:
O Fabiano Vianna identifica o DNA da arte curitibana nos legados de Poty e Dalton Trevisan – apesar de ele também apreciar, entre outras potências da cultura local, as produções do Manoel Carlos Karam e do Valêncio Xavier.
O Fabiano compreende que o imaginário de Curitiba foi estruturado com e a partir dos desenhos (e da linguagem) do Poty e dos contos (e da linguagem) do Dalton.
E é possível observar o impacto das produção do Dalton e do Poty (e também do genial Valêncio) em Quem costura quando Mirna costura, livro escrito e publicado na capital paranaense.
Trevisan e Poty são, no entanto, pontos de partida para Fabiano inventar narrativas com palavras e imagens – o artista escreve e desenha (as ilustrações da capa e do miolo).
Quem costura quando Mirna costura, enfim, apresenta um universo particular, em que há presença do sobrenatural.
Em “Ping-Pong (para Carlos Machado)”, uma personagem pratica tênis de mesa com uma interlocutora invisível: “Ninguém segura a outra raquete”.
Uma mulher deixa flores no túmulo de um jovem antes de se encontrar com o amante, em “Flores e Brumas” – posteriormente ela encontrará no café não o homem com quem se relaciona, como está assinalado na narrativa, durante “algumas névoas”, mas o jovem da fotografia fixada na parede do túmulo do cemitério onde ela deposita flores.
Se no título da obra tivesse um ponto de interrogação, a possível resposta da questão Quem costura quando Mirna costura? estaria na pergunta: é o mistério, motor da proposta ficcional deste artista.
Importante também é atentar para intertextualidades – o desfecho de “Caça-Palavras” acena para Sahrãzãd e aquela obra incontornável: 
“[...] este livro já foi escrito por uma mulher do oriente [...] Iniciado há mil e uma noites”.
Já o último conto, “Ana e o espelho”, é o mais interessante não apenas por ser o mais extenso – são 30 páginas enquanto outros ocupam uma única página (e funcionam bem). É que a narrativa traz a síntese da literatura do autor, e recria um universo curitibano com dirigível, aves, Balas Zequinha, personagem-palíndromo, engenho literário e Potypos.

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