Cabeza News destaca a décima primeira edição de "Às vezes, aos domingos"
O
Cabeza News destaca a décima primeira edição de "Às vezes, aos
domingos", confira:
Alexandre
Gaioto e Oscar Nakasato são os convidados da 11.ª edição de "Às vezes, aos
domingos", projeto on-line mensal que tem a finalidade de divulgar autores
paranaenses. O encontro entre os dois escritores de Maringá, que vão se
entrevistar e ler textos autorais, acontece em 4 de abril, domingo de Páscoa, a
partir das 17 horas no Instagram @alexandregaioto – o evento vai ser a primeira
live dos dois.
Alexandre
Gaioto foi o primeiro jornalista a entrevistar Oscar Nakasato em 18 de outubro
de 2012, data em que o escritor venceu o Prêmio Jabuti, na categoria romance,
com Nihonjin.
"Estou
ansioso para essa conversa. A última vez que conversamos foi na Flim (Festa
literária internacional de Maringá) em 2019, mas foi um papo breve num corredor
das livrarias. O Gaioto sempre tem boas histórias para contar", diz
Nakasato, professor da UTFPR, no câmpus de Apucarana.
Segundo
a definição de Nakasato, Alexandre Gaioto é "um sujeito generoso, educado,
mas parece ligado no 220".
"Oscar
é um gigante, Nihonjin, uma
obra-prima. Quando ele ganhou o Jabuti, comemorei como se fosse o primeiro
Nobel literário do Brasil: era, afinal, um conterrâneo da província de Maringá
contemplado com o mais importante prêmio do país, com uma obra que me deu tanto
prazer estético quanto ler todo o Dalton, todo o Machado, todo o Proust. Eu não
mudaria nada em Nihonjin",
afirma Gaioto.
Herói da narrativa
Alexandre
Gaioto, 33 anos, entrou no (extinto) jornal O
Diário, em Maringá, aos 22 anos. Lá, entrevistou dezenas, talvez centenas,
de artistas, entre os quais Erasmo Carlos, João Gilberto Noll, Toquinho,
Affonso Romano de Sant’Anna, Tom Zé, Cristovão Tezza, Frejat, Hamilton de
Holanda, João Carlos Martins, Sá & Guarabyra.
Também
bateu papo com alguns de seus ídolos em suas residências – em tais situações
dialogou com Rubem Fonseca, Ferreira Gullar, Luis Fernando Veríssimo, Raduan
Nassar, Elomar Figueira Mello e Carlos Sussekind, entre outros. "Dalton
Trevisan, com quem estive umas cinco ou seis vezes, foi tema de perfis que
escrevi para a Folha de Londrina, Jornal do Brasil e Correio Braziliense, mas nunca fui convidado a entrar na casa
dele", conta.
Transformou
esses encontros em narrativas que mesclam jornalismo com literatura em diversos
jornais e revistas brasileiros. "São textos que ficaram bem conhecidos e
volta e meia são citados no universo acadêmico, em trabalhos de mestrado e
doutorado, inclusive fora do país", diz.
Oscar
Nakasato, que conhece Gaioto há uma década, foi leitor dos textos que o
jornalista publicava na imprensa, principalmente no jornal maringaense O Diário. "É persistente, ousado.
Já entrevistou escritores que vivem reclusos. É um escritor astuto, leve, que
trabalha o humor na medida certa. Não sei se se daria bem como jornalista de
notícias, porque o que o move não é o fato em si, mas suas nuances e a
impressão que esse fato causa ao homem Gaioto. Por isso ele é um ótimo
cronista", afirma Nakasato.
Mestre do romance
Oscar
Nakasato diz estar escrevendo um novo romance, que provavelmente se chamará Ojiichan (avô em japonês). "Retorno
ao universo nipo-brasileiro, com ênfase nos problemas da terceira idade. Não
será um novo Nihonjin, pois o enfoque
na cultura nikkei será menos incisiva", afirma o prosador, também autor do
romance Dois (2017).
Nakasato
admira contos. Releu há dois meses as narrativas de Dublinenses, de James Joyce. "É incrível como a releitura de
uma boa obra a torna ainda mais interessante", observa o leitor de breves
narrativas.
Antes
de estrear como romancista, escreveu contos. "Porque não tinha fôlego para
um romance, que requer uma dedicação muito grande", explica. Mas, ano
passado, publicou o conto “O autor de Lavoura Arcaica”, que saiu em e-book
junto com outros autores da agência Villas-Boas & Moss. E este ano a sua
crônica narrativa “Gochisō sama e Ferreira Gullar” será publicada na coletânea Vozes Nikkeis.
"Gostei
muito de escrever essas narrativas breves, as quais, enquanto tempo de escrita,
custam muito menos que um romance", analisa. Escrever um romance, para
Nakasato, é uma batalha. "Já mudei o rumo do romance que estou escrevendo
agora e joguei fora páginas e páginas. Mas o romance me atrai exatamente por
essa construção, o desenvolvimento da trama, o peso de algumas descrições, as
nuances dos personagens", admite.
Noites poéticas em Ortigueira
Gaioto
diz que escreveu os 50 poemas de Não há
Dezembro Neste Breu, segundo lugar no Prêmio Biblioteca Digital 2020, da
Biblioteca Pública do Paraná, entre junho e agosto, diariamente, após o
trabalho, em uma quitinete em Ortigueira, onde assumiu, poucos dias antes do
início da pandemia, um cargo de comunicador social na prefeitura.
"Escrevia
das 17h30 à 1h e, por telefone, pouco falava com meus pais e minha namorada: um
egoísmo necessário para criação", comenta.
Gaioto
pretendia escrever e editar todo conteúdo até o final do ano passado. Mas,
quando soube do Prêmio Biblioteca Digital, em um domingo – último dia para se
inscrever, 13 de setembro –, decidiu mandar brasa, dar os tapas possíveis nos
textos e acertar a sequência dos poemas.
Quando
o livro foi premiado e disponibilizado virtualmente, algumas pessoas elogiaram
os poemas. Gaioto esboçou sorrisos, brindou. Mas lamentou que pessoas leram
rápido demais, já cobrando um segundo livro dele. "Levei um baita tempo
para escrever os poemas, às vezes me dedicava durante três dias a um verso de
um poema que, atualmente, é lido em 60 segundos. Me parece que escrever é uma
luta em que sempre se perde", desabafa, anunciando estar adiantado nos
textos de Sonâmbulos terão inveja dos
martírios obscuros, título provisório do segundo livro de poesia.
Oscar
Nakasato está relendo os poemas de Não há
Dezembro Neste Breu para o bate-papo pascoal, em que eles vão dialogar
sobre arte, cultura, jornalismo, ficção e poesia. Se Nakasato perguntar,
durante o bate-papo, Gaioto pode vir a falar sobre o e-book Neguinha Minha, "uma molecagem em
forma de exercício literário, uma porção de continhos explicitamente
daltonianos, que hoje renego".
O projeto
Paulo
Venturelli, Andréia Carvalho Gavita, Carlos Machado, Jô Bibas, Jonatan Silva,
João Lucas Dusi, Marianna Camargo, Alvaro Posselt, Jaqueline Conte, Fábio
Campana e Etel Frota são alguns dos autores que participaram de "Às vezes,
aos domingos", projeto idealizado e com curadoria de Guido Viaro e Marcio
Renato dos Santos.
Soma
de Ideias, Tulipas Negras e Coalhada Artesanal Preciosa são as empresas
apoiadoras da proposta que tem a finalidade de promover autores paranaenses.
Mais
informações no Instagram @somadeideias e em tulipasnegraseditora.blogspot.com
Comentários
Postar um comentário