"Às vezes, aos domingos" promove Carnaval Literário com Paulo Venturelli e Eliege Pepler
O
Cabeza News destaca o Carnaval Literário do projeto “Às vezes, aos domingos”
com Paulo Venturelli e Eliege Pepler, confira:
Paulo
Venturelli afirma: “Já que carnaval é a festa da carne, literatura é sempre
carne viva, pulsante, carne sangrando em cima dos olhos que às vezes se negam a
ver.” O professor de literatura aposentado da UFPR faz o comentário
referindo-se à nona edição de “Às vezes, aos domingos”, que em fevereiro de
2021 acontece no dia 14, domingo de carnaval. Venturelli participa do encontro
com Eliele Pepler, a partir das 17 horas, no Instagram @eliegepepler.
Professora
de literatura e língua portuguesa no IFPR, doutora em Letras pela UFPR, a
curitibana Eliege Pepler diz que participar de uma live sobre literatura, como
“Às vezes, aos domingos”, é um presente.
“Porque
acredito ser um espaço para falar sobre o que eu mais gosto, que é a leitura
literária, e o quanto ela me move na criação de outros mundos possíveis”,
afirma a autora de Histórias Esquecidas,
livro de contos contemplado no edital “Outras Palavras”, do Governo do Paraná,
em 2020.
Para
Venturelli, participar de “Às vezes, aos domingos” é, em primeiro lugar, um ato
de resistência ante tantos descalabros pelos quais o Brasil passa “capitaneado
por obscurantistas”.
“Também
é uma forma de levar um pouco do meu trabalho a outros”, completa Venturelli, acrescentando
ainda que, em seu entendimento, este projeto – em alguma medida – estimula a
leitura. “Quem sabe uma pessoa, da audiência, venha a procurar meus e outros
livros e assim iniciar um processo de leitura que o leve a pensar com mais
clareza a si mesmo e ao mundo que o cerca. Literatura é uma arte inquietante e
só pessoas inquietas pensam e procuram alterar algo no mundo, saindo da
bovinização”, comenta Venturelli, autor de uma dezena de títulos – o mais
recente é Três Contos (2020).
Carnavalizando tudo
Idealizado
e com curadoria de Guido Viaro e Marcio Renato dos Santos, “Às vezes, aos
domingos” acontece mensalmente desde julho de 2020 e tem a finalidade de criar
visibilidade para autores paranaenses ou radicados no Paraná.
Já
participaram do projeto, entre outras vozes, Andréia Carvalho Gavita, Roberto
Nicolato, Francine Cruz, João Lucas Dusi, Carlos Machado, Jô Bibas, Alvaro
Posselt, Jaqueline Conte, Jonatan Silva, Otto Leopoldo Winck e Willy Bortolini.
E
essa nova edição, um encontro literário em um domingo de carnaval? Pode
funcionar? Paulo Venturelli analisa que domingo de carnaval em plena pandemia é
um contrassenso em termos reais.
“Já
que não dá pra sair e festejar, é possível ir à tela ver/ouvir alguém falando,
talvez trazendo um brinde à vida nestes tempos de morte. Carnaval é vida.
Literatura é vida recriada”, comenta o escritor que tem dois imóveis em um
mesmo prédio – em um deles, ele vive, no outro guarda e relê os 15 mil títulos
que comprou e leu durante décadas.
Brotheragem literária
Eliege
Pepler conheceu Paulo Venturelli em 1999, quando ela começou a estudar Letras
na UFPR. “Ele foi meu professor de Literatura Brasileira, e lembro do impacto
que a sua figura, o tom da voz dele e o conteúdo do que ele dizia
causaram naquela menina que eu era”, conta.
Imediatamente
após conhecer Venturelli, Eliege viu-se emparedada diante dos seus preconceitos
(“cultivados no seio familiar e no ambiente de trabalho que eu tinha até
então”): “Encontrei nas aulas do Venturelli uma possibilidade de finalmente
superar minhas fragilidades e inconsistências.”
Já Paulo Venturelli diz que Eliege Pepler é uma das mulheres mais corajosas e guerreiras que ele conhece. “Sua história de vida dá um romance de Nelson Rodrigues. Tem um coração gigantesco. É sensível, crítica, esperneia contra o ‘real’ que empesta o nosso cotidiano”, define Venturelli, que não deixa de ressaltar que a literatura de Eliege Pepler é inquieta, busca caminhos não trilhados e dá voz a mulheres que enfrentam barra pesada.
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